Protesto

Caminhoneiros grevistas devem intensificar movimento na Região Central

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Um movimento sem lideranças, ao menos, no momento. Com ausência de nome e sobrenome e, inclusive, sem o apoio dos próprios sindicatos das categorias. Desta forma é que se apresenta o movimento dos caminhoneiros que bloqueou parcialmente, ontem, a passagem de caminhões na BR-392, em Santa Maria e em São Sepé. Essa é a segunda mobilização dos profissionais neste ano. Em fevereiro, a categoria promoveu protestos contra a alta do diesel, baixo preço do frete e más condições das estradas.

Agora, a pauta é basicamente a mesma. Mas foram acrescentadas algumas demandas como, por exemplo, a retomada da negociação com o governo sobre o preço do diesel e dos valores de tabela de fretes e pedágios, o combate à corrupção no país e a saída da presidente Dilma Rousseff (PT). O saldo inicial é de adesão parcial de motoristas ao longo da 392 – no posto Buffon (em Santa Maria) e no posto Cotrisel (em São Sepé).

Até a tarde desta segunda-feira, os dois postos somavam, juntos, cerca de 70 veículos e 30 caminhoneiros. Em todo o Estado, as manifestações são realizadas em 16 rodovias. Na região, a manifestação concentra-se na 392, mas não há trancamento da rodovia. Contudo, os grevistas monitoram outras rodovias da Região Central (confira, abaixo, o mapa).

O entendimento, até agora, é que veículos com cargas perecíveis, cargas vivas e transporte de urgência poderão passar mesmo que haja eventual bloqueio. O mesmo, ontem, foi estendido àqueles produtores que, por exemplo, transportavam trigo colhido ou insumos para a lavoura. Mas esse cenário pode mudar nos próximos dias, como sinaliza um caminhoneiro, que ontem fixava um cartaz às margens da BR-392, com os dizeres "Mostra Tua Força, Brasil".

– Hoje (ontem) estamos deixando passar e pedindo a adesão dos colegas. Mas amanhã (hoje), isso pode mudar. Vamos pedir que parem, mas se não nos escutarem... – afirmou  o caminhoneiro, que não quis se identificar.

Um motorista que seguia de Bagé com destino a Rondônia carregando uma carga de arroz, acabou sendo "convidado" pelos grevistas a parar, em São Sepé. Segundo ele, a empresa para a qual trabalha lhe ligou e disse "se mandarem parar, tu para".

– Mandaram eu parar, o que fiz? Parei – diz o motorista que não quis ser identificado.

Veículos leves estão tendo o ir e vir assegurados. Contudo, o trancamento de rodovia é algo proibido e contraria a lei. Mas isso não parece intimidar o grupo às margens da BR-392, em Santa Maria. A cada abordagem, os grevistas orientavam os colegas a parar no acostamento ou em postos de combustível.

– Não se quer fazer bagunça. Aqui ninguém é bandido. Mas queremos trabalhar de forma digna e sermos valorizados. Afinal, carregamos a produção do país – disse um grevista.

Movimento tem pauta difusa, diz especialista

A pauta do movimento grevista dos caminhoneiros causa certa estranheza ao cientista político e professor da Unipampa de Santana do Livramento Guilherm Howes. No entendimento dele, o combate à corrupção –  uma das bandeiras do grupo – parece não estar alinhada a um movimento desses. 

– Obviamente que o combate à corrupção deve permear todos os setores da sociedade. Parece algo um tanto altruísta da parte deles, não? Será que o entendimento é o de "vamos trancar as rodovias e pedir pelo fim da corrupção". Será isso mesmo?

Howes cita uma outra situação: a ausência de apoio institucional dos sindicatos ao movimento grevista.

– O comando nacional e sindical não parece estar apoiando. Me parece um movimento instrumentalizado e pontual contra o governo federal e bastante organizado. É uma tentativa de se colocar em xeque o próprio governo. Me parece um movimento orquestrado.

Em outros estados

Além do Rio Grande do Sul, os caminhoneiros realizam bloqueios em várias estradas do país: Espírito Santo, Minas "

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